domingo, 21 de dezembro de 2008

Tempo, tempo...

Era o tempo que me faltava para escrever esse texto. Uma das minhas vontades, nesses últimos meses, era de poder me dividir em três ou em quatro para poder tomar conta de minha faculdade, pesquisar além dela. Dar atenção a minha família e ficar mais tempo em casa, ficar com os amigos com os quais não gosto de perder contato e ainda por fim poder cuidar de mim mesma, minha alimentação, saúde, vaidade e solidão. O dia parece ter bem menos que 24 horas, esse ano foi o que passou mais rápido em toda minha vida: “Camila está sofrendo os problemas da vida moderna”. Mesmo assim não deixo de analisar esse vilão da história, a sua onipresença, suas ações sobre mim e minhas ações sobre ele - o tempo. Como o poeta Paul Claudel falou: “O tempo é o sentido da vida”. O que temos feito dele? Os avisos que as pessoas mais velhas sempre me diziam começam a se concretizar: ele vai passando mais rápido à medida que vamos amadurecendo e tomando mais responsabilidades. Por isso corremos contra o tempo, ou seja, contra o sentido da vida. O tempo torna a ser medido por números, contagens, subtrações, saldos. A sociedade em que vivemos nos ensinou ele como um determinante em nossas vidas, uma constante padronizada, tanto que estamos acostumados a obedecer à hora de comer, dormir, trabalhar, amar etc. “Você não tem mais idade pra isso!” Já ouviu? Mal da vida moderna? Ela, hoje, trás uma forte tendência com seus miojos, fast-foods, carros com motores potentes, para realizarmos os nossos afazeres com mais velocidade, para ganharmos mais tempo, mas o que fazemos com esse tempo ganho? (Já estou perguntando pela segunda vez) Para produzir e consumir mais. Dessa forma, viramos escravos do tempo, da produção e do consumo. Acabamos por perder a noção do que seja o tempo e conseqüentemente do sentido da vida, talvez, nem saibamos mais o que significa infância, maturidade, sinto isso ao ver cada vez mais crianças querendo tomar atitudes adultas, e os adultos não quererem aceitar que estão envelhecendo. Ao me deparar com essa infeliz tendência e ver que a estou seguindo, tento, ao menos, encarar o tempo de forma que ele não seja um determinante em minha vida cronometrado, em números, mas como uma forma de percepção das mudanças que vão ocorrendo ao longo dela. São as transformações que fazem o tempo andar, o nascer e o pôr do sol que fazem mudar as estações do ano, que essas por sua vez fazem com que as rosas floresçam, que apareçam frutos. Da mesma forma a mudança acontece em nós. A vida está sempre em mutação e renovação, mas não quer dizer que elas serão sempre constantes e pontuais. “Os dias talvez sejam iguais para um relógio, mas não para um homem”, como afirmou Marcel Proust.

Apertando "pause" no tempo...

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Individualismo, sim!

Você trocaria si próprio por outra pessoa? Não estou falando trocar apenas o seu corpo ou a vida que a você leva, mas também a sua personalidade, a forma de pensar, para ser, realmente, o outro alguém. Assim acaba ficando sem sentido, não é? Quem abre mão do seu EU por inteiro?Quem não se considera único? Somos o personagem principal de nossa história. Por mais de vivermos fazendo críticas ao individualismo característico da nossa sociedade e elogiando a coletividade, de que temos de ser mais altruístas não podemos descartar o individualismo ou ficar apenas criticando-o. Ele é necessário. Não há como viver para os outros, nem a Madre Tereza de Calcutá conseguiu. Não sei se deu pra notar, mas depender sua vida para os outros não dá muito certo. Nos relacionamentos amorosos o resultado é desastroso quando funcionam dessa forma. Famílias vivem em conflito por tentarem viver dessa forma. Sistemas coletivos não são compreendidos, nem aceitados: “Não vou trabalhar para um bando de vagabundos”, (já ouviu essa argumentação?). Mas ao fazer uma melhor análise, o próprio sistema capitalista pode se basear na idéia de viver para o outro, no sentido de: ter um carro de luxo para mostrar aos outros, de ser bem sucedido para que seu filho se torne bem sucedido e assim por diante ( o sentimento de vazio ou frustração que aparece ao longo da vida de muitas pessoas pode não ser a toa). A idéia de status, ter fama, é mais pela função do que os outros vão pensar, se eles vão te dar valor, é uma questão mais externa do que interna. Vendem-se cosméticos dizendo para você ficar mais bonita para seu namorado, seria um dos exemplos. Criam modelos que você deve seguir, a originalidade fica extinta e ser diferente torna-se complicado podendo ser vítima de preconceitos ou até intolerâncias. Porém se deixarmos de usar tanto essa palavra destacada de vermelho no texto por “com”: “Viver com os outros”, “Ter com os outros”. Poderemos nos aproximar da idéia de coletividade que tanto sonhamos. E onde fica a nossa individualidade com isso? No fato de não conseguirmos viver com os outros sem que possamos viver consigo mesmos em paz. Se não conseguimos ter segurança em nós mesmos, se não conseguimos ter amor por nós mesmos, como teremos pelo outro? A partir do amor por si prórprio será possível a compreenção de nossa individualidade e assim conseguir compreender a do outro, respeitar a do outro e poder compartilhar com ele. Ao produzir algo de bom em si não há como passar para aos outros ao seu redor. Não esqueço de uma frase que li em um dos milhares de muros pixados em Fortaleza, e que considerei uma das mais subversivas das que já li pelos muros que passei, que dizia simplesmente: “AME, FAÇA O QUE QUISER!!!”.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Caso da Isabella: a mídia acha é bom!

Dessa vez fui movida a escrever por total revolta, infelizmente, eu mal paro para ver tv e quando vejo todos os noticiários, programas, coberturas ao vivo, revistas tudo agora só fala disso, toda a hora do dia, chego até a me perguntar do que eles falavam antes porque agora só é esse assunto... pertinentemente!!! Minha avó veio para mim falando que estava na cabeça dela: “Pai, para!”.
E o pior, por mais que eu possa ser acusada de fria, por tratar dessa forma esse assunto delicado, mas é uma exploração o que a mídia está fazendo desse caso, está tirando proveito da situação (claro que não é a primeira vez, mas to escrevendo então pra registrar pra próxima). Afinal, não importa quem a matou, pai, mãe, avó, piriquito, isso é da conta da família e justiça e não da sociedade para ficar discutindo. Pessoas estão indo nas casas das famílias dos pais, fazendo protestos, julgando. Afinal, o que nós tiramos de proveito de saber quem foi? Vamos descobrir e... Acabou a novelinha real, a mídia dará por resolvido e fim de história. Assim como ninguém fala mais do caso do menino, João Hélio, lembra não? O menino que foi arrastado pelo carro porbandidos. E nesse caso, sim, tem muito da conta da sociedade.
Não vamos aceitar esse sensacionalismo que não nos leva a nada. Esquecemos até de que há milhares de crianças sendo violentadas, muitas já devem ter morrido de tal forma ou pior, umas continuam vivas, mas a mídia não cobriu ou deu atenção, podiam ser de classe baixa ou não ter o suspense e mistério que essa tem. Seria bom se houvesse reclames à mídia por nossa parte, pedindo mais respeito à sociedade e as famílias.

Foram feitas duas reportagens interessantes pela Carta Capital
http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=6&i=758, essa fala sobre a repercussão popular.
http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=10&i=780 e essa sobre a atitude da mídia. Destaco que a capa da veja veio com letras bem grandes "Foram eles".

sábado, 8 de março de 2008

O que é ser mulher?

O que é ser mulher: É ter vagina, útero e ovários? É parir, ser mãe? É gostar de homem? É ser vaidosa? É ser a mocinha soltando grito de apuros? É ser delicada, pura?
È ser ousada, ter estilo? É andar na moda? É esperar o telefonema? É ser cuidadosa com os filhos e a casa? Saber cozinhar? É ser vaidosa, fazer a maquiagem? É ser modelo, ser magra? É ser fofoqueira, tagarela? É gostar de rosa, usar vestido? É a que não pode tomar iniciativa? Receber o pedido de casamento? É ser atraída pelo carro do cara? Pelo dinheiro? É ser chorona? É ser bonita, gata? Gostosa? Boa de cama? É ganhar menos que o marido? É ter sexto sentido? É ser fiel? É não “dar” para qualquer um? Ser virgem até casar? É ser limpa, cheirosa? É ter cabelo escovado? É subir na cadeira com medo da barata?
Hoje é oito de março de 2008, é comemorado exclusivamente o dia internacional da mulher. Mas quando se vê no cotidiano as pessoas dizem “Seja Homem!”. Até hoje a sociedade, igreja e mídia continuam a fortalecer a imagem da mulher casta, boa mãe e esposa e hoje ainda está acrescentaram nesse currículo ter estilo, sempre na moda, ser gostosa e boa de cama. Os cirurgiões plásticos, as indústrias de cosméticos e as revistinhas com “As dez maneiras de satisfazer seu homem” fazem a festa. Nas perguntas que questionam o que é ser mulher acima, apenas a primeira responde sem o uso de estigmas. A mulher não é igual ao homem, mas isso não faz dela inferior ou superior ou submissa ao homem. Não a faz de ser merecedora de um dia hipócrita em sua homenagem para aliviar a culpa de tantos anos de paradigmas (e que com certeza não acabaram). A mulher não é para viver em uma sociedade machista, nem em uma feminista. Mulheres e homens devem aprender que são complementos, uns dos outros. Evolutivamente chegamos a onde estamos graça a união de ambos. Suas diferenças são chaves da diversidade. Aprender a respeitá-las e também a não padroniza-las a todos é necessário. Os homens também têm seus paradigmas, suas dificuldades ao longo da história. Porque não criar o dia da Integração do Homem e da Mulher no lugar do dia da Mulher?


Cuidado quando você for procurar imagens de mulher no google você pode se deparar com isso..

Ao digitar " mulher" no google além de umas fotos eróticas de mulheres bonitonas, tem essa mais comportada da "loira" e da "morena" ( detalhe: elas estão num autoshow)

Nos estudos antropológico de tribos, existem umas onde as mulheres possuem características " masculinas" e homens com características "femininas", ou outras que variam, ou há troca das tarefas que consideramos usuais para cada sexo.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

A realidade de um Reality Show








A pedido de uma querida amiga minha, eu resolvi escrever sobre o programa da Globo, o Big Brother. Ela acha um programa horrível, eu também, mas se eu fosse falar de programas de televisão eu nunca ia parar, porque pra começar, para mim não há coisa mais horripilante do que essa emissora (até porque a maioria dos outros canais do Brasil tenta imita-la). Ela gira em torno de suas novelas (,http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=1217) sua mercadoria mais valiosa por onde dita estilos de vida, cria seus “paradigmas”, modismos. Enfim, eu faria um texto interminável se fosse falar dessa emissora, e esse programa, por incrível que pareça, não foi criado por ela, foi importado, aconteceu em vários outros países, assim como a Globo mesmo comemora o efeito da globalização (realmente... olha o que ela trás...). Esse reality show chama o telespectador com a proposta de ser um espião de um grupo das pessoas em uma casa com câmeras de todos os lados e escolher quem é o mais merecedor de um milhão de reais. Mas o que tem de ameaçador nisso? O povo gosta de fofocar mesmo, né? Por que não dar uma espiada? Supostamente acreditamos que lá é diferente das novelinhas, é tudo espontâneo! Uau! Será a VIDA REAL?!... Será? Tão descaradamente só são escolhidas pessoas bonitas, mas não são pouco bonitas não, são maravilhosas mesmo (que no final sempre acaba na playboy ou na G Magazine), não vale mais colocar gente pobre porque se não o povo vai votar por peninha, só tem pessoas jovens, mas também não o bastante para deixar de saber de coisa de “gente grande”. Se na casa estiver meio monótona, várias latinhas de cerveja aparecem sem compromisso (mas com muita intenção...). Eles criam “climas” para romances que parece mesmo é muito papo furado, criam situações para surgirem discussões, selecionam direitinho o que vão mostrar (quem não mandou ter dinheiro para pagar um paper-view), vem com historia de joguinhos, mas acabam escolhendo uma turma do “bem” e do “mal”, ficam colocando umas trilhas sonoras para enganar mais um pouquinho. Bem, mas isso não é o pior, o pior da história é o que ele vai passar pra gente, um dos lemas de alienação que mais é jogado pela mídia moderna e como o narrador da sessão da tarde diria: “Muita curtição, jovens botando pra quebrar no maior clima de azaração em altas festas”. Sem tirar prêmios, dinheiro, carros, festas etc. Valores que são passados e que fica direto na programação, desde o programa da Ana Maria Braga até o Fantástico, sem contar nos intervalos. O programa é ótimo pra fazer merchandising, o dinheiro do premio deve ser uma parcela bem insignificante comparado ao que se ganha. Outra coisa que é despertada no telespectador é a mania de julgar, de criticar as pessoas (e a Globo nem gosta de influenciar...). Pedro Bial te promete essas emoções e esses valores. Há quem diga que isso tudo seja uma realidade, e eu até confirmo, muita gente vive achando que isso é vida, tem muita também que vive disso: isolado, numa casa, com sua turminha, pensando que é o centro do mundo e todo mundo quer saber da sua vida, e a vida é uma festa, bebida e mulher (as músicas de forró estão aí para confirmar). Existe gente assim, pena que uma das cinco maiores emissoras de TV do mundo, com seu grande poderio de comunicação em massa queira passar isso para nós. Pelo menos ouvi dizer esse é o último ano que esse programa vai passar. Quem sabe, talvez esteja havendo uma evolução nesse meio... Ou não...