terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Nosso Rumo

Volto a escrever nessa véspera de Natal com um tema que pode não ser um dos mais positivos para essa época do ano, dita de tão cheia de esperança, mas eu só consigo escrever assim, tenho uma lista de assuntos que podia tratar, e apenas consigo escrever do que fala mais alto em meu cotidiano, nas evidências das noticias. É porque o tema que quero falar, com um novo ano chegando (simbolicamente, claro, pois uma nova chance se refaz todo dia), muita gente gosta de fazer uma reflexão e comigo não é diferente, eu faço mais profunda ainda que o usual, e nesse fim de ano eu tenho tido a sensação de que muita coisa só faz piorar, desculpem o pessimismo. Vejo a minha cidade crescer e com ela chegar a violência e criminalidade, então isso se chama se desenvolver? O meio ambiente continua sendo devastado, em nosso país a desigualdade aumenta, os políticos determinam privilégios para os mais ricos e mais impostos para os mais pobres, e ficamos apenas assistindo. A tecnologia fica nos trazendo de certa forma um distanciamento e relações mais frias entre as pessoas, se for fazer a comparação com os relacionamentos que seus pais e avós tinham comparados ao que temos hoje. Importo-me muito com os valores que nos são passados diariamente para nós e nossas crianças, os profissionais que se formam apenas porque aquela profissão trará dinheiro, a escravidão atual é por esse papel. É triste viver em uma sociedade em que um bem material como um carro pode ser decisivo para mostrar aos outros que você está bem de vida, que tem status. Onde está nosso desenvolvimento, queremos chegar até onde? Para mim, estamos desenvolvendo muita coisa errada e nos sentimos incapazes de consertar (na verdade tomamos o luxo de nem se responsabilizar). A apatia é o pior mal de nossa sociedade a meu ver, como diz a frase de um escritor suíço, Denis de Rougemont: “A decadência de uma sociedade começa quando o homem pergunta a si próprio: ‘O que irá acontecer? ’, em vez de inquirir: ‘O que posso eu fazer? ’”. Então não posso deixar de ignorar esses fatos e fazer um discurso todo alegre desejando um feliz ano novo até porque quando se dá um feliz ano novo é pra quem? É apenas para aquela pessoa que se diz, da mesma forma quando recebemos um. Na verdade eu quero desejar um feliz 2008, bem sucedido para movimentos como o contra a transposição do Rio São Francisco, as Bicicletadas as que têm aqui e as que acontecem em todo o mundo, os Cineclubs especialmente o daqui de Mossoró, movimentos estudantis em busca de direitos e melhoras de ensino, como o daqui hoje luta para a restauração do museu, pessoas voluntárias da APAE, quaisquer movimentos que busque um benefício coletivo aos que realmente precisam (porque se não poderiam se incluir os políticos do congresso) e acabam por fazer um ano feliz somente pra uma pessoa, mas para muitas outras mais. Falamos nessa época de esperança, mas o problema é que muitos pensam de que é no sentido de esperar, ficar torcendo, dando três pulinhos, o que for. Falta entendermos de que precisamos de muita esperança, mas sendo no sentido de persistir, de ir atrás. Aos da poltrona, de frente pro PC (e eu me incluo), que tal rever o que defendemos? E depois disso nos perguntarmos: que rumo estamos tomando? O que vamos deixar para nossos filhos, os filhos dos outros? E finalmente: O que posso eu fazer?

Bom feito em 2008!!!!

domingo, 2 de dezembro de 2007

Eu s2 Bike!

Em um texto anterior, eu questionei o nosso poder de “escolha” na sociedade que nos encontramos. Participar da bicicletada e usar a bicicleta como meio de transporte me fez vivenciar pontos dessa questão. Tudo começou antes da ida para a bicicletada. Imagine: uma mocinha indefesa, sozinha de bicicleta no meio do trânsito desorganizado de Mossoró. Fiquei cansada de ouvir tanto “cuidado!”, “é perigoso!” de todos de casa, minha mãe e minha avó querendo me impressionar falando de acidentes etc. Mas no final, elas só me deram mais razões para ir. Queria ir pra bicicletada justamente para protestar esse “risco” (lembrando ser a bicicletada um movimento para criar condições favoráveis para os ciclistas no trânsito).
Perguntar-me o porquê de ser tão perigoso andar de bicicleta se ela possui o seu espaço no trânsito, segundo a lei, e ver que na prática as ruas parecem ser somente para os carros, pode-se observar a valorização do transporte privado que conseguiu se infiltrar na nossa cultura ao longo de vários anos, desde que surgiram. Os menininhos vão ganhando carrinhos, fiz 18 anos e maioria das pessoas que chegavam pra mim, diziam: “Agora pode dirigir, hein?! Vai tirar a carteira?!”. O carro se encontra no pacote da felicidade hoje, nos sonhos, metas, nos prêmios, você pode provar seu status de acordo com o carro que possui. Se você vê tal pessoa com um carrão já se pode dizer que ela está “bem de vida” já o contrário... Já vi até de como fazem as propagandas de carros e os publicitários sempre destacam o design, a aparência do carro. Engraçado foi o rumo que tomou um tópico de uma comunidade do orkut (http://www.orkut.com/CommMsgs.aspxcmm=574137&tid=2560351239208043832&kw=carro&na=4&nst=11&nid=574137-2560351239208043832-2561012464436274790), na discussão se começou a falar de carros antigos e tocaram num ponto interessante: Os carros atuais são projetados para serem mais velozes, potentes, maiores, mas, em conseqüência disso, também são adaptados para absolver impactos por causa dos acidentes. É um dos pontos gosto de tocar: o culto à velocidade sem necessidade. Um dia vi no Globo Esporte (onde mais seria?!), chocada: O Rubinho Barrichello, mostrando seu filho e perguntando a ele: “Você gosta de andar devagar ou ‘no pau’?” (note o vocabulário rico que ele usa com o filho), e a pobre criança que mal sabia falar, respondeu: “o pau”. Com toda essa cultura e costumes ocorre o desrespeito, tanto entre os que tem carro ou não tem.

Sociedade do Automóvel

É bem fácil ouvir palavras como “SAIII DO MEEEEEEI!!! Quer morrer?!”, “Esse otário num sai do lugar!”. Por isso o risco de andar de bicicleta, muitos julgam que ela não pode fazer parte do trânsito, mandam a gente ir pra calçada, reclamam de atrapalhar. Acontece que muitos, mas muitos mesmo não sabem ou se esqueceram das lições da auto-escola de que segundo as leis de trânsito a bicicleta é considerada um meio de transporte, com direitos e deveres, pena é que nem os direitos e nem os deveres são seguidos. Vou para bicicletada porque considero necessário que a sociedade repense o modo como funciona o trânsito e de como ele pode influenciar na nossa vida e ambiente. Sou defensora extremista da bicicleta (apesar de na prática não poder usufruir muito dela), pois andando nela posso ter contado direto com o ambiente, através dela percebo as belezas e defeitos de minha cidade, me faz me aproximar deles e me sentir responsável por eles, não tem como ignorar o rio que está poluído e fedendo, aquele terreno cheio de lixo, mas também daquela casinha escondida que nunca vi, das pessoas, é incrível como você se sente mais integrado na cidade do que se você estivesse na bolha isoladora chamada carro, com película, ar, e uma trilha sonora chinfrim. Na bicicleta é minha força, meu ritmo, meu equilíbrio, minha atenção. Quando subo nela, não é preciso ligar motor, é apenas o meu motor, não ouso barulho, não há fumaça (e se tocar nessa questão da fumaça para o meio ambiente então...), isso sim é libertador. Ela é silenciosa, pacífica, pacífica para o meio ambiente, pacífica para a cidade, para as outras pessoas e para mim (ajudando até na condição física!). Peguei a mania de observar as pessoas que andam de bicicleta, elas me despertam muito mais admiração e orgulho do que o indivíduo que anda de Hilux ou qualquer carrozinho luxuoso. Viva a bike!!!











Já haviam inventado o transporte perfeito e não perceberam.


As fotos também são de minha autoria! =D

sábado, 1 de dezembro de 2007

"Eu não gosto de maus tratos, mas o que eu não gosto é do bom gosto..."

Postarei agora um comentário que surgiu do texto anterior e que gostaria de responder mais expostamente no blog para caso alguem tivesse algo a acrescentar, ver minha resposta também expor suas opiniões, pois minha amiga tocou em pontos bem estratégicos que gosto de discutir, se alguem quiser entrar na dança. E Brina, eu vou expor meu ponto de vista e tentar esclarece-los melhor e também destacar o que achei meio equivocado no que você falou. Estarei esperando respostas e críticas, acredito que só haverá crescimento para ambas, querida amiga =D.

brinutilidades disse... " dou mais razão aos policiais que se omitem e se corrompem dos que os que usam da violência, tortura e terror e se dizem que fazem justiça "ai você pegou pesado, camila :) dar mais razão a policiais corrompidos trai a sua ideia tanto quanto dar razão, por exemplo, as atitudes do BOPE...eu concordo plenamente com a idéia do seu texto, mas não com essa parte... é como eu estava conversando com vc e Amós outro dia, não adianta ficar na idéia ilusória, nessa utopia danada...Violência gera, sim, violência, mas num país como um Brasil, de um povo sem educação, de gente passando fome, convenhamos que essa idéia de paz com bandido não vai funcionar muito não...Outra coisa que eu penso... Oq importa na verdade não é o relogio do Luciano Huck, tudo bem, é muito futil da parte dele comprar um relogio carissimo desse jeito (um absurdo!)... Só que eu acho assim, de toda forma, ele é um ser humano, ele é um cidadão e tem todo direito de reclamar por aquilo que foi perdido em um roubo! Também não vamos ser extremistas...O que falta é o que nós todos sabemos, mas pelo nosso velho comodismo não temos coragem de reivindicar: seriedade, responsabilidade. Faz muito², mas muito tempo que esse país tá entregue às moscas... Vem gorverno, sai governo e tudo continua na mesma malevolência...É tudo questão de um projeto sério de mudança, mas vai falar isso no barzinho com seus amigos pra ver... hehe



No primeiro ponto que você destacou, falei do fato de dar razão aos que se omitem e se corrompem no sentido do julgamento que se faz no filme, tipo, julgam-se eles e veneram os que utilizam da violência contando que no final todos contribuem para esta, estou errada?
Outro ponto que você tocou foi o da utopia, agora destaco quando você diz: “... Mas num país como um Brasil, de um povo sem educação, de gente passando fome, convenhamos que essa idéia de paz com bandido não vai funcionar muito não..." . A meu ver, podem-se trocar as partes que coloquei em negrito por povo inferior, irracional, animais tudo que for inferior ao que chamamos de “nós”, “classe escolarizada” ou “normal”. Mantemos estereótipos de pessoas que são pobres, de favelas como os colonizadores mantinham dos índios ou escravos. Frases como a de que você falou ou “O povão só gosta de forró! De farrear!” “São um bando de vagabundos, quem disse que eu vou dividir dinheiro com eles que não fazem nada da vida? Eu estudei 6 anos de medicina, eles não.”. Eu escuto essas frases no cotidiano mais do que tudo e também costumava utiliza-las, mas aprendi a tentar tirar isso da minha cabeça (vou deixar uma musiquinha que me inspirou para te inspirar também). Aprendi que nessa brincadeira ou engano, ficamos nos passando por certinhos, os normais, não somos violentos, somos alfabetizados e educados e detemos da razão. Se tivéssemos nascido numa favela, tivéssemos tido pais violentos (maioria das pessoas que são violentas tiveram uma educação violenta, já viu esse dado?) e o meio que vive é tudo ou nada por dinheiro seríamos os certinhos? Teríamos os mesmos valores? Claro que poderiam me culpar de que as pessoas nascem com caráter ou adquirem na infância, mas as maiorias das crianças que nascem em lugares como esse não possuem base nenhuma e em nosso mundo “civilizado” também existem pessoas sem caráter (olha alguns políticos), mas mesmo assim, não deixa de ser “civilizado” (por isso que falei da questão de julgar). Então você disse que a única solução é de que esses “animais”, “não-civilizados”, seja lá o que for de inferior a nós, não tem mais jeito o que se tem a fazer é dar porrada para ver se eles se tomam rumo na vida? Extermina-los? Prende-los em cadeias desestruturadas e se eles fizerem uma rebelião, é mandar bala? Deus cuida deles lá no céu ou os manda para queimar no inferno e nós os bonzinhos viramos anjinhos? Desculpe, mas não há como eu mudar minha posição, prefiro ser utópica, viver no mundo da lua ou ir para um manicômio ao concordar com essa violência, eu apenas não concordo, não vejo o que fazer, mas enquanto conversamos essas baboseiras, muitas crianças continuam nascendo com esse tratamento e virando os “sem-jeito” e vamos ter dar borrada, prender etc.
A questão de eu reclamar do Luciano Hulk não é de sua revolta (isso todo mundo tem e eu teria), o fato que me deixa com nojo da cara dele foi justamente o que ele falou, em citar o capitão nascimento, tendo a amplitude e influencia que ele possui, daí a revolta já é minha da mídia dar tanto espaço (Se bem que nem se fala no que a mídia dá espaço... sem falar que é a nossa formação e a dos “sem-jeito” também ó!) . E ainda mais chamar tal capitão por um relógio, tantas pessoas perdendo todo seu dinheiro, parentes, amigos e um otário desses reclamando de um relógio, que por mais que seja extremamente caro não vai fazer diferença na sua fortuna...
Bem o resto que você falou eu devo concordar parcialmente, lembrando que o pessoal do governo, é também o povo, somos nós, os normais, civilizados e instruídos.

Agora: Toca o som DJ!! ;D

Senhas
Adriana Calcanhoto
Composição: Adriana Calcanhoto

Eu não gosto do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto de bons modos
Não gosto
Eu aguento até rigores
Eu não tenho pena dos traídos
Eu hospedo infratores e banidos
Eu respeito conveniências
Eu não ligo pra conchavos
Eu suporto aparências
Eu não gosto de maus tratos
Mas o que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto de bons modos
Não gosto
Eu aguento até os modernos
E seus segundos cadernos
Eu aguento até os caretas
E suas verdades perfeitas
O que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto de bons modos
Não gosto
Eu aguento até os estetas
Eu não julgo competência
Eu não ligo pra etiqueta
Eu aplaudo rebeldias
Eu respeito tiranias
E compreendo piedades
Eu não condeno mentiras
Eu não condeno vaidades
O que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto do bom senso
Não, não gosto de bons modos
Não gosto
Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem...

Essa música eu já tinha escutado faz muito tempo, mas nunca cheguei a entende-la, achava ela até meio RBD, só foi começando a ver da forma que hoje vejo que finalmente consegui entende-la e hoje a tomo quase como um hino. =D Beijão querida!