terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Nosso Rumo

Volto a escrever nessa véspera de Natal com um tema que pode não ser um dos mais positivos para essa época do ano, dita de tão cheia de esperança, mas eu só consigo escrever assim, tenho uma lista de assuntos que podia tratar, e apenas consigo escrever do que fala mais alto em meu cotidiano, nas evidências das noticias. É porque o tema que quero falar, com um novo ano chegando (simbolicamente, claro, pois uma nova chance se refaz todo dia), muita gente gosta de fazer uma reflexão e comigo não é diferente, eu faço mais profunda ainda que o usual, e nesse fim de ano eu tenho tido a sensação de que muita coisa só faz piorar, desculpem o pessimismo. Vejo a minha cidade crescer e com ela chegar a violência e criminalidade, então isso se chama se desenvolver? O meio ambiente continua sendo devastado, em nosso país a desigualdade aumenta, os políticos determinam privilégios para os mais ricos e mais impostos para os mais pobres, e ficamos apenas assistindo. A tecnologia fica nos trazendo de certa forma um distanciamento e relações mais frias entre as pessoas, se for fazer a comparação com os relacionamentos que seus pais e avós tinham comparados ao que temos hoje. Importo-me muito com os valores que nos são passados diariamente para nós e nossas crianças, os profissionais que se formam apenas porque aquela profissão trará dinheiro, a escravidão atual é por esse papel. É triste viver em uma sociedade em que um bem material como um carro pode ser decisivo para mostrar aos outros que você está bem de vida, que tem status. Onde está nosso desenvolvimento, queremos chegar até onde? Para mim, estamos desenvolvendo muita coisa errada e nos sentimos incapazes de consertar (na verdade tomamos o luxo de nem se responsabilizar). A apatia é o pior mal de nossa sociedade a meu ver, como diz a frase de um escritor suíço, Denis de Rougemont: “A decadência de uma sociedade começa quando o homem pergunta a si próprio: ‘O que irá acontecer? ’, em vez de inquirir: ‘O que posso eu fazer? ’”. Então não posso deixar de ignorar esses fatos e fazer um discurso todo alegre desejando um feliz ano novo até porque quando se dá um feliz ano novo é pra quem? É apenas para aquela pessoa que se diz, da mesma forma quando recebemos um. Na verdade eu quero desejar um feliz 2008, bem sucedido para movimentos como o contra a transposição do Rio São Francisco, as Bicicletadas as que têm aqui e as que acontecem em todo o mundo, os Cineclubs especialmente o daqui de Mossoró, movimentos estudantis em busca de direitos e melhoras de ensino, como o daqui hoje luta para a restauração do museu, pessoas voluntárias da APAE, quaisquer movimentos que busque um benefício coletivo aos que realmente precisam (porque se não poderiam se incluir os políticos do congresso) e acabam por fazer um ano feliz somente pra uma pessoa, mas para muitas outras mais. Falamos nessa época de esperança, mas o problema é que muitos pensam de que é no sentido de esperar, ficar torcendo, dando três pulinhos, o que for. Falta entendermos de que precisamos de muita esperança, mas sendo no sentido de persistir, de ir atrás. Aos da poltrona, de frente pro PC (e eu me incluo), que tal rever o que defendemos? E depois disso nos perguntarmos: que rumo estamos tomando? O que vamos deixar para nossos filhos, os filhos dos outros? E finalmente: O que posso eu fazer?

Bom feito em 2008!!!!

domingo, 2 de dezembro de 2007

Eu s2 Bike!

Em um texto anterior, eu questionei o nosso poder de “escolha” na sociedade que nos encontramos. Participar da bicicletada e usar a bicicleta como meio de transporte me fez vivenciar pontos dessa questão. Tudo começou antes da ida para a bicicletada. Imagine: uma mocinha indefesa, sozinha de bicicleta no meio do trânsito desorganizado de Mossoró. Fiquei cansada de ouvir tanto “cuidado!”, “é perigoso!” de todos de casa, minha mãe e minha avó querendo me impressionar falando de acidentes etc. Mas no final, elas só me deram mais razões para ir. Queria ir pra bicicletada justamente para protestar esse “risco” (lembrando ser a bicicletada um movimento para criar condições favoráveis para os ciclistas no trânsito).
Perguntar-me o porquê de ser tão perigoso andar de bicicleta se ela possui o seu espaço no trânsito, segundo a lei, e ver que na prática as ruas parecem ser somente para os carros, pode-se observar a valorização do transporte privado que conseguiu se infiltrar na nossa cultura ao longo de vários anos, desde que surgiram. Os menininhos vão ganhando carrinhos, fiz 18 anos e maioria das pessoas que chegavam pra mim, diziam: “Agora pode dirigir, hein?! Vai tirar a carteira?!”. O carro se encontra no pacote da felicidade hoje, nos sonhos, metas, nos prêmios, você pode provar seu status de acordo com o carro que possui. Se você vê tal pessoa com um carrão já se pode dizer que ela está “bem de vida” já o contrário... Já vi até de como fazem as propagandas de carros e os publicitários sempre destacam o design, a aparência do carro. Engraçado foi o rumo que tomou um tópico de uma comunidade do orkut (http://www.orkut.com/CommMsgs.aspxcmm=574137&tid=2560351239208043832&kw=carro&na=4&nst=11&nid=574137-2560351239208043832-2561012464436274790), na discussão se começou a falar de carros antigos e tocaram num ponto interessante: Os carros atuais são projetados para serem mais velozes, potentes, maiores, mas, em conseqüência disso, também são adaptados para absolver impactos por causa dos acidentes. É um dos pontos gosto de tocar: o culto à velocidade sem necessidade. Um dia vi no Globo Esporte (onde mais seria?!), chocada: O Rubinho Barrichello, mostrando seu filho e perguntando a ele: “Você gosta de andar devagar ou ‘no pau’?” (note o vocabulário rico que ele usa com o filho), e a pobre criança que mal sabia falar, respondeu: “o pau”. Com toda essa cultura e costumes ocorre o desrespeito, tanto entre os que tem carro ou não tem.

Sociedade do Automóvel

É bem fácil ouvir palavras como “SAIII DO MEEEEEEI!!! Quer morrer?!”, “Esse otário num sai do lugar!”. Por isso o risco de andar de bicicleta, muitos julgam que ela não pode fazer parte do trânsito, mandam a gente ir pra calçada, reclamam de atrapalhar. Acontece que muitos, mas muitos mesmo não sabem ou se esqueceram das lições da auto-escola de que segundo as leis de trânsito a bicicleta é considerada um meio de transporte, com direitos e deveres, pena é que nem os direitos e nem os deveres são seguidos. Vou para bicicletada porque considero necessário que a sociedade repense o modo como funciona o trânsito e de como ele pode influenciar na nossa vida e ambiente. Sou defensora extremista da bicicleta (apesar de na prática não poder usufruir muito dela), pois andando nela posso ter contado direto com o ambiente, através dela percebo as belezas e defeitos de minha cidade, me faz me aproximar deles e me sentir responsável por eles, não tem como ignorar o rio que está poluído e fedendo, aquele terreno cheio de lixo, mas também daquela casinha escondida que nunca vi, das pessoas, é incrível como você se sente mais integrado na cidade do que se você estivesse na bolha isoladora chamada carro, com película, ar, e uma trilha sonora chinfrim. Na bicicleta é minha força, meu ritmo, meu equilíbrio, minha atenção. Quando subo nela, não é preciso ligar motor, é apenas o meu motor, não ouso barulho, não há fumaça (e se tocar nessa questão da fumaça para o meio ambiente então...), isso sim é libertador. Ela é silenciosa, pacífica, pacífica para o meio ambiente, pacífica para a cidade, para as outras pessoas e para mim (ajudando até na condição física!). Peguei a mania de observar as pessoas que andam de bicicleta, elas me despertam muito mais admiração e orgulho do que o indivíduo que anda de Hilux ou qualquer carrozinho luxuoso. Viva a bike!!!











Já haviam inventado o transporte perfeito e não perceberam.


As fotos também são de minha autoria! =D

sábado, 1 de dezembro de 2007

"Eu não gosto de maus tratos, mas o que eu não gosto é do bom gosto..."

Postarei agora um comentário que surgiu do texto anterior e que gostaria de responder mais expostamente no blog para caso alguem tivesse algo a acrescentar, ver minha resposta também expor suas opiniões, pois minha amiga tocou em pontos bem estratégicos que gosto de discutir, se alguem quiser entrar na dança. E Brina, eu vou expor meu ponto de vista e tentar esclarece-los melhor e também destacar o que achei meio equivocado no que você falou. Estarei esperando respostas e críticas, acredito que só haverá crescimento para ambas, querida amiga =D.

brinutilidades disse... " dou mais razão aos policiais que se omitem e se corrompem dos que os que usam da violência, tortura e terror e se dizem que fazem justiça "ai você pegou pesado, camila :) dar mais razão a policiais corrompidos trai a sua ideia tanto quanto dar razão, por exemplo, as atitudes do BOPE...eu concordo plenamente com a idéia do seu texto, mas não com essa parte... é como eu estava conversando com vc e Amós outro dia, não adianta ficar na idéia ilusória, nessa utopia danada...Violência gera, sim, violência, mas num país como um Brasil, de um povo sem educação, de gente passando fome, convenhamos que essa idéia de paz com bandido não vai funcionar muito não...Outra coisa que eu penso... Oq importa na verdade não é o relogio do Luciano Huck, tudo bem, é muito futil da parte dele comprar um relogio carissimo desse jeito (um absurdo!)... Só que eu acho assim, de toda forma, ele é um ser humano, ele é um cidadão e tem todo direito de reclamar por aquilo que foi perdido em um roubo! Também não vamos ser extremistas...O que falta é o que nós todos sabemos, mas pelo nosso velho comodismo não temos coragem de reivindicar: seriedade, responsabilidade. Faz muito², mas muito tempo que esse país tá entregue às moscas... Vem gorverno, sai governo e tudo continua na mesma malevolência...É tudo questão de um projeto sério de mudança, mas vai falar isso no barzinho com seus amigos pra ver... hehe



No primeiro ponto que você destacou, falei do fato de dar razão aos que se omitem e se corrompem no sentido do julgamento que se faz no filme, tipo, julgam-se eles e veneram os que utilizam da violência contando que no final todos contribuem para esta, estou errada?
Outro ponto que você tocou foi o da utopia, agora destaco quando você diz: “... Mas num país como um Brasil, de um povo sem educação, de gente passando fome, convenhamos que essa idéia de paz com bandido não vai funcionar muito não..." . A meu ver, podem-se trocar as partes que coloquei em negrito por povo inferior, irracional, animais tudo que for inferior ao que chamamos de “nós”, “classe escolarizada” ou “normal”. Mantemos estereótipos de pessoas que são pobres, de favelas como os colonizadores mantinham dos índios ou escravos. Frases como a de que você falou ou “O povão só gosta de forró! De farrear!” “São um bando de vagabundos, quem disse que eu vou dividir dinheiro com eles que não fazem nada da vida? Eu estudei 6 anos de medicina, eles não.”. Eu escuto essas frases no cotidiano mais do que tudo e também costumava utiliza-las, mas aprendi a tentar tirar isso da minha cabeça (vou deixar uma musiquinha que me inspirou para te inspirar também). Aprendi que nessa brincadeira ou engano, ficamos nos passando por certinhos, os normais, não somos violentos, somos alfabetizados e educados e detemos da razão. Se tivéssemos nascido numa favela, tivéssemos tido pais violentos (maioria das pessoas que são violentas tiveram uma educação violenta, já viu esse dado?) e o meio que vive é tudo ou nada por dinheiro seríamos os certinhos? Teríamos os mesmos valores? Claro que poderiam me culpar de que as pessoas nascem com caráter ou adquirem na infância, mas as maiorias das crianças que nascem em lugares como esse não possuem base nenhuma e em nosso mundo “civilizado” também existem pessoas sem caráter (olha alguns políticos), mas mesmo assim, não deixa de ser “civilizado” (por isso que falei da questão de julgar). Então você disse que a única solução é de que esses “animais”, “não-civilizados”, seja lá o que for de inferior a nós, não tem mais jeito o que se tem a fazer é dar porrada para ver se eles se tomam rumo na vida? Extermina-los? Prende-los em cadeias desestruturadas e se eles fizerem uma rebelião, é mandar bala? Deus cuida deles lá no céu ou os manda para queimar no inferno e nós os bonzinhos viramos anjinhos? Desculpe, mas não há como eu mudar minha posição, prefiro ser utópica, viver no mundo da lua ou ir para um manicômio ao concordar com essa violência, eu apenas não concordo, não vejo o que fazer, mas enquanto conversamos essas baboseiras, muitas crianças continuam nascendo com esse tratamento e virando os “sem-jeito” e vamos ter dar borrada, prender etc.
A questão de eu reclamar do Luciano Hulk não é de sua revolta (isso todo mundo tem e eu teria), o fato que me deixa com nojo da cara dele foi justamente o que ele falou, em citar o capitão nascimento, tendo a amplitude e influencia que ele possui, daí a revolta já é minha da mídia dar tanto espaço (Se bem que nem se fala no que a mídia dá espaço... sem falar que é a nossa formação e a dos “sem-jeito” também ó!) . E ainda mais chamar tal capitão por um relógio, tantas pessoas perdendo todo seu dinheiro, parentes, amigos e um otário desses reclamando de um relógio, que por mais que seja extremamente caro não vai fazer diferença na sua fortuna...
Bem o resto que você falou eu devo concordar parcialmente, lembrando que o pessoal do governo, é também o povo, somos nós, os normais, civilizados e instruídos.

Agora: Toca o som DJ!! ;D

Senhas
Adriana Calcanhoto
Composição: Adriana Calcanhoto

Eu não gosto do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto de bons modos
Não gosto
Eu aguento até rigores
Eu não tenho pena dos traídos
Eu hospedo infratores e banidos
Eu respeito conveniências
Eu não ligo pra conchavos
Eu suporto aparências
Eu não gosto de maus tratos
Mas o que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto de bons modos
Não gosto
Eu aguento até os modernos
E seus segundos cadernos
Eu aguento até os caretas
E suas verdades perfeitas
O que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto de bons modos
Não gosto
Eu aguento até os estetas
Eu não julgo competência
Eu não ligo pra etiqueta
Eu aplaudo rebeldias
Eu respeito tiranias
E compreendo piedades
Eu não condeno mentiras
Eu não condeno vaidades
O que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto do bom senso
Não, não gosto de bons modos
Não gosto
Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem...

Essa música eu já tinha escutado faz muito tempo, mas nunca cheguei a entende-la, achava ela até meio RBD, só foi começando a ver da forma que hoje vejo que finalmente consegui entende-la e hoje a tomo quase como um hino. =D Beijão querida!

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Capitão Nascimento, herói ou vilão?


Assisti Tropa de Elite! Finalmente me atualizei de todas as conversas que rondaram sobre esse filme, aliás, não há como não ouvir uma, quando assisti já sabia 50% das partes (pior coisa que existe em tentar assistir depois). Depois de tanto falatório e suspense, o que você achou do filme, Camila? – Ótimo, realmente é muito bem retratado o lado da polícia, magnífica a frase “sistema pelo sistema, não pela sociedade”, a cena da passeata da paz foi muito marcante e etc. Mas a verdadeira razão de escrever um texto sobre esse filme é o fato de que conceitos ele pode trazer para a sociedade que assiste, dependendo ou não de sua instrução ou nível social, pois até no caso do riquíssimo Luciano Huck, ao roubarem seu luxuoso e caríssimo relógio ROLEX, ele falou num artigo: “Onde está a polícia? Onde está a ‘Elite de tropa’? Chamem o comandante Nascimento! Está na hora de discutirmos que segurança pública de verdade!”. Então segundo esse homem super instruído (pensei...) e influente, é preciso que se chame aquela tropa para torturar e causar terror na favela toda para recuperar seu reloginho de grife! Quantas mais pessoas assistiram a esse filme e tiveram esse pensamento? Ver aquele final e sentir que o bandido foi morto e o capitão Nascimento achou um bom substituto é um final feliz e reconfortante, justo?! Afinal o capitão Nascimento é um herói? Pelo o que parece ele se tornou um, pelo artigo que a carta capital produziu (http://www.cartacapital.com.br/2007/10/465/heroi-torturador/) mostrou como o filme ganhou amplitude e vem sido interpretado pelo povo brasileiro. Muitos acabam esquecendo a mensagem principal do filme, de como a polícia é fraca, precária, e encaminham muitos pra corrupção, fazendo que seja um sistema falho. E o pior que não foi ressaltado no filme se a tropa de elite funciona ou não para a sociedade. Claro que no filme a gente viu um monte de “neguin” bandido morrendo, parecia até que funcionava: “Morreu o chefe do tráfico da favela!” resolvido? Será preciso matar quantos? Até onde irá essa violência gerada dentro da polícia, na favela? Você viu esse filme que é baseado em relatos de 1997, acha que melhorou algo no Rio pelo o que tem visto nos jornais? Existem dados de que nada adiantou, a violência não decresceu nada no Rio de Janeiro desde que o BOPE atua, mais civis foram mortos por policiais, os bandidos se armaram mais para combater o BOPE, o mesmo também se armou mais, o tráfego continua mais vivo que nunca e nós morremos e não aprendemos que “violência só gera violência”. Por isso não me conformo ao vangloriarem o capitão Nascimento, dou mais razão aos policiais que se omitem e se corrompem dos que os que usam da violência, tortura e terror e se dizem que fazem justiça. O filme por um lado critica o sistema dos policiais que é furado, corrupto e precário, mas também dá ênfase ao sistema do BOBE, que se diz “funcionar”, se tratando de uma medida imediatista em que se vê o traficante morto ali na hora, mas não as pessoas e crianças que crescem com aquilo, qual a reação que existirá posteriormente. Por isso me preocupo com o que esse filme trás para nossa sociedade, fico me questionando o que os traficantes acharam dele, quantos Lucianos Hucks andam por aí, cantando o hit do filme, vangloriando tais rituais de tortura e violência para o “bem da sociedade” e seus relógios de grife.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Ahhh... as crianças...



“Julianazinha,

Eu quero agradecer pelo convite, mesmo a gente não ser muito amigas, mas espero que a gente seja belas amigas! Desejo que você viva bastante! Continue como você está, porque se melhorar ainda, você estoura! Então continue linda, inteligente, legal e etc.
OBS: Não corte o cabelo ou alise (eu acho que fica muito feio)!
Beijos e Abraços,
Caroline.”

Eu achei essa cartinha de minha irmã para uma colega sua do colégio para o seu aniversário e não resisti em colocar aqui apenas para mostrar o encanto que é ser criança e como é bom usar da sinceridade e ter ingenuidade, valores que vamos perdendo. Preocupados em agradar os outros acabamos nos acostumando com as máscaras, falsidade, frieza. Por isso as vezes penso que quanto mais ficamos velhos mais idiotas ficamos para maioria das coisas, o problema é que hoje as próprias crianças estão perdendo sua infância por culpa dos pais, mercado e mídia.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

O poder dos imperativos



As máquinas não nos completam. Sempre observei o consumismo desenfreado que nos tenta todo dia. Minha mãe me parece um bom exemplo, a casa aqui é cheia de “novidades” que aparecem nas lojinhas, promoções, também adora aparelhos como teve uma época em que sonhava com uma TV de tela plana, ficava direto falando que queria uma até o dia ganhou uma de plasma, isso calou a boca dela? Não era do tamanho que ela queria, ficou reclamando que fosse maior, sem contar que são quatro televisões aqui em casa, e assim vai indo... Sempre vai surgindo algo novo e deixa-nos insatisfeitos. Atentei para esse fato quando ouvi de uma mulher que trabalha na casa de minha avó falando da televisão de plasma toda encantada como se fosse coisa do outro mundo. Aí lembrei de toda a saga da minha mãe e eu também era curiosa para ver a grande diferença que ela tinha. Hoje vejo novos designs sendo criados, não só de televisões, todo dia são celulares novos, os carros, surgindo novas sérias bem mais rapidamente que antes, até shampoo e sabonete estão nessa briga! Todos brigando pelo o que mesmo? Afinal até onde ela irá? Que valores eles sustentam e buscam? Conforto, status, velocidade, beleza. São esses pelo que observo, mas eles nos completam? Então porque queremos sempre mais? Estamos presos a essa cultura pelo extraordinário e por trás dele se encontra o vazio, não vemos se quer o propósito real para tanta tecnologia. Nessa história perdemos e desvalorizamos as relações com os outros, em vez de comprar um celular novo, que tal seria formar uma nova amizade, conhecer os vizinhos, participar de um novo grupo, praticar esportes, tocar um instrumento musical, fazer algum curso faz conhecer novas pessoas. Se abrir mais, notar se realmente cumprimenta todos que fazem parte do nosso cotidiano, principalmente aqueles que fazem trabalhos simples como o porteiro, o zelador etc. Que tal dar mais ouvidos as crianças, podemos aprender muito com elas além de ensinar. Já procurou sentir pequenos e simples prazeres como ver um bebê tomando banho, o sorriso dele? Será que estamos distanciando desse nosso lado humano? Toda essa economia de tempo da vida moderna procura proporcionar é para aproveitar esse lado ou outras modernidades e os prazeres que eles querem que você sinta?
Fiz esse texto cheio de interrogações porque é isso que falta em nossa vida. Temos de questionar toda essa cultura de consumismos e prazeres premeditados que nos é jogada por meio de imperativos como: Sinta! Compre! Beba! Seja! Entre vários outros. Pode parecer inofensivo já que temos o poder de escolha, mas com o tempo ele penetra no cotidiano causando fortes influências até chegar a ser imposto que se não seguir pode ficar para trás, isolado. Como um professor de filosofia me relembrou: “Ser diferente é muito difícil”. Parece uma frase simples e até meio óbvia, mas é realmente muito difícil de renegar os dogmas da burguesia. Tente deixar de comer carne, beber refrigerante, não usar carro, não vestir uma roupa da moda e depois me diga se os imperativos são realmente inofensivos.

P.S.: A segunda imagem é do filme "O fabuloso destino de Amelie Poulain", não trata da questão do consumismo mas dos pequenos prazeres, um filme altamente recomendável, uma verdadeira poesia e respostas aos blockbusters atuais!

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

O Dom Quixote Atual



“Parece que o homem não se contenta em ser homem e deseja ser super-homem.”. Esse é o trecho que retirei de um texto de Ailton Siqueira, intitulado “O Despertar do Homem Maquinal”, que foi inspirador para fazer essa colagem. Pensei em uma comparação do que seria do personagem Dom Quixote no mundo contemporâneo. Se naquela época ele se encantava com os livros de cavalaria, hoje estaria alucinado com os super-heróis presentes nas histórias em quadrinhos, desenhos animados, filmes etc.
Já faz um tempo que venho notando esse exagero de super-heróis em nossas vidas. É Smallville pra lá, Homem-Aranha 1, 2, 3, 4 pra cá, Transformers, Superman, o novo seriado Heroes entre muitos outros. Nos desenhos as quantidades são fora de série, têm alguns em que todos na família são agentes secretos. E ler o texto citado acima só fez esclarecer mais ainda as idéias que tinha em mente.
O texto discute toda a nova roupagem assumida pela a sociedade em favor do mercado. Ele fala de toda a subjetividade do ser humano, que seriam os seus desejos, sonhos, expectativas, sentimentos. Essa subjetividade agora está se moldando para o mercado e o que ele anda exigindo de nós, quem seriam a eficiência, rapidez, estar sempre informado, atualizado, não ser deixado pra trás, estimula competitividade, de ser o melhor e ter o melhor para tudo. Ele argumenta de hoje tentarmos nos igualar às máquinas, por buscar todas essas características, aí onde entra toda essa ideologia dos super-heróis, de perfeição.
Toda essa busca pela eficiência acaba reprimindo a pessoa insegura, ansiosa, que existe por dentro. Ficamos sem admitir erros e cada vez mais individualizados, porque como dizem: “Melhor só que mal acompanhado”.
Também não nos contentamos em ser perfeitos profissionalmente, temos de ser perfeitos aparentemente, fazemos plásticas, dietas, malhação, renegamos o envelhecer. Esperamos que no amor apareça alguém perfeito, uma alma gêmea, como nas “comédias românticas”, mas acabamos nos decepcionando facilmente, nos frustramos em não achar a pessoa perfeita. Como no texto o autor afirma, nós não conseguimos amar o outro por não conseguirmos mais nos amar. Deixamos de nos respeitarmos, admitir nossos erros e os erros dos outros, aceitarmos as diferenças. Não é à toa de que os estudos de várias universidades em conjunto elegeram os Estados Unidos o campeão mundial da solidão, e encontrar a raiz disso da cultura que enfatiza a competitividade, conquistas individuais, etc. Finalizo então esse texto com um belo trecho da música dos Los Hermanos, O Vencedor, que diz: "Eu que já não quero mais ser um vencedor, levo a vida devagar para não faltar amor.".


sexta-feira, 12 de outubro de 2007

O Jogo da Vida... e que vida!

"Você está na falência, viva como um filósofo/ revoltado". Mensagem sublimar ou explícita mesmo!

Eu estava pretendendo escrever sobre outros assuntos que já estavam quase prontos, mas hoje no final do dia eu tive uma experiência interessante... Na tentativa de fazer minha irmã mais nova (tem 10 anos) desgrudar da TV, especialmente do Disney Channel por ao menos um segundo, propus a ela fazer coisas diferentes... Pois é amigos, na noite em que eu poderia estar me arrumando pra festa no porcino eu deixei de ir por indisposisão e acabei brincando de casinha com ela, claro que usando bem mais a imaginação do que o usual, tanto que meu irmão caçula (9 anos) entrou na brincadeira também e foi muito divertido! Depois disso a gente resolveu jogar alguma coisa, aí decidimos o Jogo da Vida, que por sinal eu adorava jogar quando criança, aí logo vi que o conceito de "vida" do jogo já era bem digamos "econômico", suportei então o caráter do jogo e me diverti com eles, mas chegar no final do jogo que fui a primeira eu tive um espanto ao ver a falência: “Você foi a falência! Aposente-se e vá viver no campo como filósofo”, o que me passou como uma coisa muito horrenda porque é esse o futuro que eu quero pra mim. Sim, eu quero morar no campo e sempre ter o ato de filosofar, mas além de ser uma afronta a ciência ainda diz que o vencedor é aquele milionário que se aposenta “com grande estilo”, parece até propaganda de roupa. Isso sim é que é ideologia bem explícita! Depois disso eu e meus irmãos abandonamos o jogo, não havia mais sentido...

sábado, 29 de setembro de 2007

Muros, Grades, Cercas Elétricas, Alarmes etc...

Fica até pior de olhar para o céu por cima do muro...


Praticamente de um dia pro outro, meu muro ficou feio, ele era antes repleto de plantas altas que o cobriam e lhe davam vida, aí primeiro elas foram cortadas e depois tive uma terrível surpresa ao vê-lo nesse estado, com cercas elétricas, o me despertou uma sensação de aprisionamento e estranheza principalmente porque isso é encarado como normal, já que tantas casas aqui em Mossoró têm cerca, mas me deu um choque ao me deparar com tal imagem, em minha própria casa... Afinal, muros, grades, cercas elétricas e até alarmes, o que isso te lembra? O usual seria dizer uma prisão, mas hoje se pode dizer que lembra mais uma casa de classe média e esse fato está cada vez mais se tornando banal, tanto que daqui a algum tempo estaremos criando bolhas blindadas de proteção para andar. Outro fato preocupante são meus irmãos mais novos e até meu priminho de cinco anos sonhando com o ladrão, onde está o bicho-papão, lobo-mau ou o Chuck? Mas vejamos, até agora eu só reclamei de minha liberdade que está sendo perdida, poderia colocar a culpa no ladrão mau, no governo, etc. Já conheço esse tipo de discurso, mas eu prefiro pensar nessa situação de outra forma, como uma reação de uma ação que vem sido feita a partir de muito tempo, desde que escolhemos esse sistema no qual vivemos. Sim, antes de nós perdermos a nossa liberdade, a tiramos de várias outras pessoas, excluímos muitas de ter uma educação, uma casa, uma oportunidade e ainda ficamos esfregamos nossas riquezas na cara delas, jogando idéias de que você sem “isso” ou “aquilo” não é feliz, é um Zé ninguém. Os Engenheiros do Hawaii escreveram uma música que aborda sobre o tema de um CD deles de 91, chamada “Muros e Grades”, e nela há o trecho que fala: “Os muros e as grades nos protegem de nosso próprio mal”. Um mal que só tem se agravado devido ao nosso descaso, não apenas do governo, até porque nos importamos apenas quando um sangue nosso é derramado, até lá essa situação não nos diz respeito, é mais cômodo cuidar da própria vida. Toda essa apatia nos gera um vazio indescritível por dentro, pode crer, nós já sentimos isso, os livros de auto-ajuda, as drogas entre outras formas para esquecer um pouco o mundo estão aí para comprovar. Daí eu retorno à música e cito o trecho: “O medo nos leva a tudo, sobretudo a fantasia, então erguemos muros que nos dão a garantia de que morreremos cheios de uma vida tão vazia” e falam que levamos uma vida superficial, sem sentido diante da nossa solidez, escassez de não pensar no próximo, de quem tiramos a liberdade. Hoje preferimos brincar de bem contra o mal, nós somos o bem, e nos protegemos do mal, eles vão pro inferno e nós pro céu. E assim ficamos nesse ciclo vicioso...

domingo, 23 de setembro de 2007

Apresentação

Olá, sendo tido como algo essencial, começo esse blog me apresentando, mas também pensei o que poderia colocar sobre mim, se meu nome bastava, onde moro, idade... Cheguei a conclusão de que isso iria sendo revelado mais ao longo dos textos, até porque quando eu falo de violência eu posso falar da situação de minha cidade. É uma característica minha, gostar de usar exemplos do meu dia-dia para falar de assuntos abrangentes ou até fazer o contrário. E meu objetivo aqui não é mostrar quem sou, quero mostrar o que penso e sinto sobre as situações da vida na qual vivemos, se é que de fato vivemos, se ela vem se distanciando de uma vida real e se tornando maquinária mas isso é uma outro tema. E a partir disso fazer reflexões, de questionar mesmo, são atos que deixamos de fazer ao longo do tempo, acabamos nos acomodando em apenas receber informações sem de fato saber o por que. Vejo esses meios de comunicação e penso nessa falta de leitura da realidade, mais aberta, por isso que na decrição falo de ser radical, ir na raiz do acontecimento, o porque que isso acontece, pois muita coisa é jogada em nossas cabeças e não nos damos conta, aceitamos, achamos engraçado, envolvente. Meu objetivo é esse, não quero nenhuma razão absoluta, e eu com certeza não tenho a verdade, sou muito flexível e gosto de debater, por isso deixarei meu e-mail a disposição se preciso, desejarei muito opiniões contrárias e que se gerem discussões, pois apenas dessa forma cresceremos. Fiquei super feliz quando uma colega minha chegou para mim dizendo que deveríamos construir textos juntas (pela ótima base que ela possui e eu... bem, vou ser modesta e não falar nada) e poderia ser até sobre o aborto, mas aí eu disse "Como? Se eu sou a favor e você é contra" aí ela disse que não importava, nós conseguiríamos de alguma forma fazer algo legal e eu achei ótimo. Espero fazer muitas parcerias com ela e até com outras pessoas e sempre que der, publicarei aqui. Assim como esse é um blog direcionado ao pensamento coletivo, se visa também que não tenha apenas minha visão aqui. Então sejam bem vindos e se sintam a vontade, minha linguagem vai ser coloquial mesmo (a única que realmente domino) ! Um abraço!