segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Quanto mais moderno, mais nostálgico...


Fiat 500 - Pode se dizer que é um "lançamento"


Em meio à tanta modernidade, sofisticação, velocidade, tecnologias inovadoras, cresce uma
mania que vai no movimento contrário, assumindo nome, às vezes de retrô, vintage, entre outros...
E quando falo de nostalgia não quero fazer menção somente aquela que se sente ao cantar os "hits" dos anos 80, 90, ou ficar lembrando dos desenhos animados que costumava assistir.
Mas o que quero chamar a atenção para uma nostalgia que ultrapassa o que vivemos em nosso tempo, vai mais fundo no passado.
Pelo menos é o que eu sinto ao ver cada vez mais aquele ar de foto ou filmagem antiga em algumas bandas, ou quando fazemos isso no photoshop, as várias antiguarias de objetos, móveis à venda, o relançamento de vinis, carros, das próprias roupas e suas modas.
Ironicamente isso remete a frase de Cazuza na sua música "museu de grandes novidades", o termo "retrô" nos lembra retroceder, a palavra nostálgico é associada à uma pessoa presa ao passado, que não quer avançar.
Muito embora, minha impressão é de que essa nostalgia não diz respeito a retroceder, querer voltar ou ficar preso ao passado, mas sim de recuperar. Venho a supor que estamos procurando algo que nos dê a marca do tempo (na verdade, quando ele ainda deixava marcas, pois anda tão volúvel), que mascare um pouco da modernismo transviado, que é comprado em qualquer prateleira, às mil opções, na casualidade e comodidade, enquanto se faz várias coisas ao mesmo tempo.
Quando se busca algo, não apenas pelo valor ou tendência na moda, mas pelo significado, algo que nos conte uma história, envolva um sentimento, que relembre o tempo do esforço, das dificuldades, da espera, que tornam o sabor da conquista mais puro e verdadeiro, que faça esquecer o gosto artificial e sintético, algo que foi mais tateado por mãos do que por máquinas.

Fotos que tirei em um Bar de São Luís - MA, uma cidade nostálgica em vários sentidos



domingo, 30 de janeiro de 2011

Um muro para se ver acima...

(Muro de Berlim, um dia antes de sua queda)

“E agora assiste a tudo em cima do muro...” Já cantava Cazuza preocupado, como também ouço constantes acusações às pessoas que escolhem essa posição. Há de se concordar que, aparentemente, seja uma atitude covarde, cômoda. O que me fez pensar no porquê da existência de um muro, o que significa?

Muros são construídos para separar, para proteger, porque são frutos de nosso medo, para não podermos encarar a realidade à fora. Logo, já não tenho tanta certeza de que as pessoas que escolheram um lado do muro, tão orgulhosas e convictas por defendê-lo, sejam tão corajosas. Escolher um lado pode significar se isolar, limitar-se à própria realidade, e ficar com uma visão restrita.

Ou pior, os muros levam à intolerância, visto que não se há comunicação com o outro lado, ele passa a ser estranho, diferente, tornando-se, por sua vez um oponente, por isso a revolta quando se vê pessoas em cima do muro, porque há o temor de enfraquecimento, de que sua realidade seja contestada.

Por isso, penso se a pessoa que ficou em cima do muro talvez, em algumas situações, possa ser também um ato de coragem, porque ousou ter uma visão mais ampliada, porque tem necessidade de comunicação com o outro lado. Talvez, não se contente com nenhum dos lados, ou não veja utilidade na existência do muro, queira derrubá-lo.

Venho concluindo que o ideal não seja estar em nenhum dos lados do muro, ou se quer em cima dele. Eu defenderia, de antemão, a abolição total dos muros que criamos, mas nunca poderemos nos livrar totalmente deles, pois são essencialmente uma característica humana. Então o que defendo mesmo e vejo como ideal é que nos muros que construímos, sejam feitas janelas, portas, passagens, ou melhor ainda, , refazer um muro que não seja tão alto ao ponto de tomar nossa visão do outro lado. Sendo o mais importante o sentimento descontentamento com o que temos e pensamos, a necessidade de sempre ousar para o que há além do muro e tentar compreender e nunca, nunca: perder a comunicação com o outro lado...

(Mais fotos do Muro de Berlim para inspirar e ao som do álbum "The Wall" do Pink Floyd)