Praticamente de um dia pro outro, meu muro ficou feio, ele era antes repleto de plantas altas que o cobriam e lhe davam vida, aí primeiro elas foram cortadas e depois tive uma terrível surpresa ao vê-lo nesse estado, com cercas elétricas, o me despertou uma sensação de aprisionamento e estranheza principalmente porque isso é encarado como normal, já que tantas casas aqui em Mossoró têm cerca, mas me deu um choque ao me deparar com tal imagem, em minha própria casa... Afinal, muros, grades, cercas elétricas e até alarmes, o que isso te lembra? O usual seria dizer uma prisão, mas hoje se pode dizer que lembra mais uma casa de classe média e esse fato está cada vez mais se tornando banal, tanto que daqui a algum tempo estaremos criando bolhas blindadas de proteção para andar. Outro fato preocupante são meus irmãos mais novos e até meu priminho de cinco anos sonhando com o ladrão, onde está o bicho-papão, lobo-mau ou o Chuck? Mas vejamos, até agora eu só reclamei de minha liberdade que está sendo perdida, poderia colocar a culpa no ladrão mau, no governo, etc. Já conheço esse tipo de discurso, mas eu prefiro pensar nessa situação de outra forma, como uma reação de uma ação que vem sido feita a partir de muito tempo, desde que escolhemos esse sistema no qual vivemos. Sim, antes de nós perdermos a nossa liberdade, a tiramos de várias outras pessoas, excluímos muitas de ter uma educação, uma casa, uma oportunidade e ainda ficamos esfregamos nossas riquezas na cara delas, jogando idéias de que você sem “isso” ou “aquilo” não é feliz, é um Zé ninguém. Os Engenheiros do Hawaii escreveram uma música que aborda sobre o tema de um CD deles de 91, chamada “Muros e Grades”, e nela há o trecho que fala: “Os muros e as grades nos protegem de nosso próprio mal”. Um mal que só tem se agravado devido ao nosso descaso, não apenas do governo, até porque nos importamos apenas quando um sangue nosso é derramado, até lá essa situação não nos diz respeito, é mais cômodo cuidar da própria vida. Toda essa apatia nos gera um vazio indescritível por dentro, pode crer, nós já sentimos isso, os livros de auto-ajuda, as drogas entre outras formas para esquecer um pouco o mundo estão aí para comprovar. Daí eu retorno à música e cito o trecho: “O medo nos leva a tudo, sobretudo a fantasia, então erguemos muros que nos dão a garantia de que morreremos cheios de uma vida tão vazia” e falam que levamos uma vida superficial, sem sentido diante da nossa solidez, escassez de não pensar no próximo, de quem tiramos a liberdade. Hoje preferimos brincar de bem contra o mal, nós somos o bem, e nos protegemos do mal, eles vão pro inferno e nós pro céu. E assim ficamos nesse ciclo vicioso...
Não se trata de física, se trata da alma que está na física, da alma que está na matéria, nas coisas, nos corpos, nas sinapses dos meus neurônios...
sábado, 29 de setembro de 2007
Muros, Grades, Cercas Elétricas, Alarmes etc...
Fica até pior de olhar para o céu por cima do muro...
Praticamente de um dia pro outro, meu muro ficou feio, ele era antes repleto de plantas altas que o cobriam e lhe davam vida, aí primeiro elas foram cortadas e depois tive uma terrível surpresa ao vê-lo nesse estado, com cercas elétricas, o me despertou uma sensação de aprisionamento e estranheza principalmente porque isso é encarado como normal, já que tantas casas aqui em Mossoró têm cerca, mas me deu um choque ao me deparar com tal imagem, em minha própria casa... Afinal, muros, grades, cercas elétricas e até alarmes, o que isso te lembra? O usual seria dizer uma prisão, mas hoje se pode dizer que lembra mais uma casa de classe média e esse fato está cada vez mais se tornando banal, tanto que daqui a algum tempo estaremos criando bolhas blindadas de proteção para andar. Outro fato preocupante são meus irmãos mais novos e até meu priminho de cinco anos sonhando com o ladrão, onde está o bicho-papão, lobo-mau ou o Chuck? Mas vejamos, até agora eu só reclamei de minha liberdade que está sendo perdida, poderia colocar a culpa no ladrão mau, no governo, etc. Já conheço esse tipo de discurso, mas eu prefiro pensar nessa situação de outra forma, como uma reação de uma ação que vem sido feita a partir de muito tempo, desde que escolhemos esse sistema no qual vivemos. Sim, antes de nós perdermos a nossa liberdade, a tiramos de várias outras pessoas, excluímos muitas de ter uma educação, uma casa, uma oportunidade e ainda ficamos esfregamos nossas riquezas na cara delas, jogando idéias de que você sem “isso” ou “aquilo” não é feliz, é um Zé ninguém. Os Engenheiros do Hawaii escreveram uma música que aborda sobre o tema de um CD deles de 91, chamada “Muros e Grades”, e nela há o trecho que fala: “Os muros e as grades nos protegem de nosso próprio mal”. Um mal que só tem se agravado devido ao nosso descaso, não apenas do governo, até porque nos importamos apenas quando um sangue nosso é derramado, até lá essa situação não nos diz respeito, é mais cômodo cuidar da própria vida. Toda essa apatia nos gera um vazio indescritível por dentro, pode crer, nós já sentimos isso, os livros de auto-ajuda, as drogas entre outras formas para esquecer um pouco o mundo estão aí para comprovar. Daí eu retorno à música e cito o trecho: “O medo nos leva a tudo, sobretudo a fantasia, então erguemos muros que nos dão a garantia de que morreremos cheios de uma vida tão vazia” e falam que levamos uma vida superficial, sem sentido diante da nossa solidez, escassez de não pensar no próximo, de quem tiramos a liberdade. Hoje preferimos brincar de bem contra o mal, nós somos o bem, e nos protegemos do mal, eles vão pro inferno e nós pro céu. E assim ficamos nesse ciclo vicioso...
Praticamente de um dia pro outro, meu muro ficou feio, ele era antes repleto de plantas altas que o cobriam e lhe davam vida, aí primeiro elas foram cortadas e depois tive uma terrível surpresa ao vê-lo nesse estado, com cercas elétricas, o me despertou uma sensação de aprisionamento e estranheza principalmente porque isso é encarado como normal, já que tantas casas aqui em Mossoró têm cerca, mas me deu um choque ao me deparar com tal imagem, em minha própria casa... Afinal, muros, grades, cercas elétricas e até alarmes, o que isso te lembra? O usual seria dizer uma prisão, mas hoje se pode dizer que lembra mais uma casa de classe média e esse fato está cada vez mais se tornando banal, tanto que daqui a algum tempo estaremos criando bolhas blindadas de proteção para andar. Outro fato preocupante são meus irmãos mais novos e até meu priminho de cinco anos sonhando com o ladrão, onde está o bicho-papão, lobo-mau ou o Chuck? Mas vejamos, até agora eu só reclamei de minha liberdade que está sendo perdida, poderia colocar a culpa no ladrão mau, no governo, etc. Já conheço esse tipo de discurso, mas eu prefiro pensar nessa situação de outra forma, como uma reação de uma ação que vem sido feita a partir de muito tempo, desde que escolhemos esse sistema no qual vivemos. Sim, antes de nós perdermos a nossa liberdade, a tiramos de várias outras pessoas, excluímos muitas de ter uma educação, uma casa, uma oportunidade e ainda ficamos esfregamos nossas riquezas na cara delas, jogando idéias de que você sem “isso” ou “aquilo” não é feliz, é um Zé ninguém. Os Engenheiros do Hawaii escreveram uma música que aborda sobre o tema de um CD deles de 91, chamada “Muros e Grades”, e nela há o trecho que fala: “Os muros e as grades nos protegem de nosso próprio mal”. Um mal que só tem se agravado devido ao nosso descaso, não apenas do governo, até porque nos importamos apenas quando um sangue nosso é derramado, até lá essa situação não nos diz respeito, é mais cômodo cuidar da própria vida. Toda essa apatia nos gera um vazio indescritível por dentro, pode crer, nós já sentimos isso, os livros de auto-ajuda, as drogas entre outras formas para esquecer um pouco o mundo estão aí para comprovar. Daí eu retorno à música e cito o trecho: “O medo nos leva a tudo, sobretudo a fantasia, então erguemos muros que nos dão a garantia de que morreremos cheios de uma vida tão vazia” e falam que levamos uma vida superficial, sem sentido diante da nossa solidez, escassez de não pensar no próximo, de quem tiramos a liberdade. Hoje preferimos brincar de bem contra o mal, nós somos o bem, e nos protegemos do mal, eles vão pro inferno e nós pro céu. E assim ficamos nesse ciclo vicioso...
Marcadores:
Individualismo,
Liberdade,
Medo,
sociedade
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
olha eu aqui de novo! ;D
falar desse sistema eh mto difil, ainda mais em nossa posição bastante privilegiada. como vc n foi mto extremista esquedista, eu gostei mto do texto. cada vez a gente se sente mais preso, mas com ctza aqueles da favela tbm se sentem presos nesses verdadeiros estamentos q existem no BR.
bjuu pra tu
Eu fico triste ao ver que Mossoró está sendo entregue aos bandidos, e nada de concreto é feito para impedir a proliferação da violência. Há uns 15 anos, o maior medo no nosso bairro eram os ladrõezinhos de bicicleta. Há seis anos, fui assaltado bem perto de casa. Há três semanas, entraram no quintal lá em casa e, apesar de não terem levado quase nada, já é suficiente para tomar alguma providência. Vamos às cercas elétricas!
Os sem muro
Estudo mostra que casas com muros altos são mais atrativas porque oferecem maior privacidade aos invasores
por Gustavo Fioratti
As cidades estão cheias de desconhecidos, diz a urbanista norte-americana Jane Jacobs em seu livro "Morte e Vida de Grandes Cidades", um estudo sobre os principais problemas urbanos no mundo. A frase dá a pista. Quem ergue um muro diante de casa, numa cidade grande, quer viver em paz. Mas os bairros de São Paulo estão repletos de exemplos que desmontam a idéia. Casas muradas também são assaltadas.
É consenso entre urbanistas e arquitetos do mundo inteiro: muros que cercam casas e prédios, munidos ou não de cercas elétricas, e especialmente aqueles que são voltados para a calçada guardam contradições diversas dos tempos modernos. Tudo o que representam e tentam preservar -segurança, privacidade, delimitação de espaço- cai por terra quando sua função é invertida. Em vez de proteger quem está do lado de dentro, acreditam os especialistas, acabam isolando os moradores e, conseqüentemente, também eventuais invasores. Além de transformar a rua em território de ninguém.
Uma pesquisa recente da Polícia Militar do Paraná revela que assaltantes preferem casas com muros. O levantamento realizado em Curitiba -que, segundo seu autor, o coronel Roberson Luiz Bondaruk, 45, pode ser aplicado em todos os centros urbanos do país- mostra que de 300 casas que foram assaltadas na cidade, 60% eram cercadas por muros altos. As outras tinham grades ou portões. Entre as 300 assaltadas, nenhuma era aberta para a rua. Além de entrevistar moradores, a pesquisa também se baseou no depoimento de detentos: 71% dizem preferir assaltar casas com muros de até 2 m, e 54% afirmam que muros ocultam melhor a ação.
"O muro protege o invasor depois que ele entrou na residência. Há casos de assaltantes que passam até o fim de semana lá dentro, fazendo os donos da casa de reféns. E, de fora, ninguém percebe nada, nem tem como perceber", diz Bondaruk.
Um pouco mais de caldo para essa argumentação: em São Paulo, acontecem por mês, em média, duas grandes invasões -os chamados arrastões- em condomínios de luxo cercados por muros e por toda a parafernália tecnológica de segurança, segundo a 2ª Delegacia de Investigação de Crimes Patrimoniais e o Secovi-SP (sindicato da habitação).
"Muros não adiantam nada. O bandido, hoje, entra pela porta, fazendo o porteiro de refém", diz o arquiteto e urbanista Héctor Vigliecca, autor de vários projetos urbanos da cidade, como a reforma da Oscar Freire e a urbanização de parte da favela de Paraisópolis. "Muros são um sintoma da nossa ignorância. É como o avestruz, que coloca a cabeça dentro de um buraco para se esconder," acredita.
A urbanista Regina Meyer, professora do Departamento de História da Arquitetura e Estética do Projeto da FAU da USP, também desdenha dos muros. "Eles estabelecem uma não-comunicação entre as casas e a rua. São perniciosos, pois você não enxerga a rua de dentro de casa e os passantes não te enxergam. A rua perde sua função de lugar de encontro e, vazia, torna-se mais perigosa."
No livro de Jacobs, essa idéia se completa: "Não é preciso haver muitos casos de violência numa rua ou num distrito para que as pessoas temam as ruas. E, quando temem as ruas, as pessoas as usam menos, o que torna as ruas ainda mais inseguras".
Jardim dos encarcerados
Pois quatro famílias que não temem (tanto) as ruas de São Paulo toparam mostrar aqui, nesta reportagem, a cara e as casas. São moradores que tiveram poucos problemas relacionados a roubos e assaltos, apesar de viverem em casas abertas para a rua. Nem grades eles usam. No máximo, portões bem baixinhos.
Das 15 casas consultadas com esse perfil, apenas duas foram invadidas, mas sem grandes conseqüências. "Foi tudo muito rápido", conta o engenheiro Rodrigo Odilon Guedes Mesquita, 83, que vive em uma delas, em Pinheiros. "O ladrão teve que sair correndo, porque, de dentro de casa, sentiu-se vigiado por quem estava na rua. Um guardinha notou sua presença. E ele não levou nada", relata.
Em outro caso, numa casa nos Jardins, Francisco da Silva (nome fictício) viu, da janela de vidro da sala, um sujeito estranho se aproximar. Sua casa é toda aberta para a rua, tem portas e janelas de vidro, pontos de iluminação em todo o jardim, um vigia na rua. "Se tivéssemos muros, nem nós mesmos perceberíamos o sujeito se aproximando e nem o vigia veria ele no nosso jardim, pois ele estaria amparado por paredes", diz o dono da casa. O suposto invasor teve de se retirar, frustrado. "Sumiu na vizinhança, provavelmente por trás de casas muradas."
Os sem-muro orgulham-se de sua exposição. A psiquiatra e psicanalista Leda Maria Silva Teixeira, 57, afirma que não se sente insegura em um sobrado aberto para a rua, na Vila Beatriz (zona oeste). "Vários amigos e os vizinhos vivem me aconselhando a colocar um muro ou um portão. Já até pensei em fazer isso, quando me mudei. Mas meu filho disse 'poxa, a frente da casa é tão bonitinha'. O tempo foi passando e eu deixei pra lá."
A casa onde ela mora há 17 anos nunca foi invadida. "Já até esqueci a janela aberta, e nada aconteceu." A sala de jantar fica bem próxima à ampla janela da frente, que nem grades possui. Dali, mesmo para quem está sentado, é possível ver as árvores e o movimento da rua. "Tenho a impressão de que minha casa é mais ampla, por conta da ausência de muros", diz Leda.
Em um outro sobrado, da Vila Nova Conceição, a professora de alemão Regina Ronca toma como suas as palavras de seu pai, Murillo Ronca, 90, que mora na mesma casa. "Ele chama o bairro de 'jardim dos encarcerados'", conta ela.
Uma volta rápida pela vizinhança explica o apelido. Impossível ver o que se passa por trás dos muros que cercam boa parte das casas. "Acenar para o vizinho, como fazíamos antes, nem pensar. E sabe que, outro dia, na igreja, uma senhora me perguntou se eu morava na 'casa do gato na janela'. Meu gato passa o dia na janela. Se minha casa tivesse muros, essa aproximação não aconteceria."
O único problema, e quem o aponta é o pai, Murillo, "é que um engraçadinho deu para roubar meu jornal, que o entregador jogava aqui no jardim". A solução não foi difícil: Murillo pediu para que o jornal fosse jogado na casa do vizinho. E, de certa forma, não teve como fugir dessa. Concordou que acaba tirando uma casquinha dos muros vizinhos.
Vizinhança vigiada
São "probleminhas" como o do jornal roubado que delegam aos muros alguma eficiência, como defende o diretor técnico da construtora e incorporadora Tecnisa, Fábio Vilasboas. "Muros evitam roubos pequenos e também fazem com que moradores de condomínios ou casas não sejam vistos por quem passa na rua. Em uma cidade grande, quem é visto, em geral, sente-se exposto", argumenta.
Segundo o engenheiro, todos os condomínios construídos pela Tecnisa são cercados por muros, exceto pela entrada, que, em geral, tem grades e portão em sistema de clausura (aqueles com duas portas, que prendem temporariamente o visitante). "Muitas vezes, optamos pela grade, mas nos pedem para substituí-la por muros", relata. "Principalmente em áreas de lazer, na piscina, as pessoas preferem não ser vistas. Não querem mostrar que vivem em um lugar de alto padrão." Isolamento acústico, principalmente em empreendimentos localizados à beira de vias de grande movimento, também é um argumento utilizado por quem prefere viver entre muros.
Essa sensação de vulnerabilidade, segundo Regina Meyer, deveria ser repensada em benefício da cidade e de seus bairros. "Se os moradores querem se isolar da rua, eles perdem muita coisa. Desconectam-se de uma noção de vizinhança. O bairro é demolido pelo muro. A vigilância poderia ser feita pelos próprios moradores, que tomariam conta uns das casas dos outros", argumenta.
O urbanista Hector Vigliecca engrossa o coro: "Qualquer policial sabe que, para se defender, você precisa saber onde está seu inimigo. E, para defender um território privado, antes de mais nada, você precisa defender o território público. Para isso você tem que 'ocupar', ver e tomar conta do espaço público, da rua. Da sua casa você precisa enxergar o que está acontecendo na rua, chamamos isso de policiamento social".
Trata-se de uma idéia antiga, empregada pelos americanos e pelos ingleses principalmente e divulgada por um movimento conhecido como "Neighborhood Watch", que existe desde os anos 60. Um conceito criado por urbanistas e arquitetos que, se tivesse algum crédito entre os paulistanos, faria ruir um modelo completamente antagônico, em que isolamento e violência se digladiam todos os dias.
Colaborou Tharsila Prates
Parabéns pelo seu blogue!!!
Postar um comentário