Não se trata de física, se trata da alma que está na física, da alma que está na matéria, nas coisas, nos corpos, nas sinapses dos meus neurônios...
terça-feira, 30 de outubro de 2007
Ahhh... as crianças...
“Julianazinha,
Eu quero agradecer pelo convite, mesmo a gente não ser muito amigas, mas espero que a gente seja belas amigas! Desejo que você viva bastante! Continue como você está, porque se melhorar ainda, você estoura! Então continue linda, inteligente, legal e etc.
OBS: Não corte o cabelo ou alise (eu acho que fica muito feio)!
Beijos e Abraços,
Caroline.”
Eu achei essa cartinha de minha irmã para uma colega sua do colégio para o seu aniversário e não resisti em colocar aqui apenas para mostrar o encanto que é ser criança e como é bom usar da sinceridade e ter ingenuidade, valores que vamos perdendo. Preocupados em agradar os outros acabamos nos acostumando com as máscaras, falsidade, frieza. Por isso as vezes penso que quanto mais ficamos velhos mais idiotas ficamos para maioria das coisas, o problema é que hoje as próprias crianças estão perdendo sua infância por culpa dos pais, mercado e mídia.
terça-feira, 23 de outubro de 2007
O poder dos imperativos
As máquinas não nos completam. Sempre observei o consumismo desenfreado que nos tenta todo dia. Minha mãe me parece um bom exemplo, a casa aqui é cheia de “novidades” que aparecem nas lojinhas, promoções, também adora aparelhos como teve uma época em que sonhava com uma TV de tela plana, ficava direto falando que queria uma até o dia ganhou uma de plasma, isso calou a boca dela? Não era do tamanho que ela queria, ficou reclamando que fosse maior, sem contar que são quatro televisões aqui em casa, e assim vai indo... Sempre vai surgindo algo novo e deixa-nos insatisfeitos. Atentei para esse fato quando ouvi de uma mulher que trabalha na casa de minha avó falando da televisão de plasma toda encantada como se fosse coisa do outro mundo. Aí lembrei de toda a saga da minha mãe e eu também era curiosa para ver a grande diferença que ela tinha. Hoje vejo novos designs sendo criados, não só de televisões, todo dia são celulares novos, os carros, surgindo novas sérias bem mais rapidamente que antes, até shampoo e sabonete estão nessa briga! Todos brigando pelo o que mesmo? Afinal até onde ela irá? Que valores eles sustentam e buscam? Conforto, status, velocidade, beleza. São esses pelo que observo, mas eles nos completam? Então porque queremos sempre mais? Estamos presos a essa cultura pelo extraordinário e por trás dele se encontra o vazio, não vemos se quer o propósito real para tanta tecnologia. Nessa história perdemos e desvalorizamos as relações com os outros, em vez de comprar um celular novo, que tal seria formar uma nova amizade, conhecer os vizinhos, participar de um novo grupo, praticar esportes, tocar um instrumento musical, fazer algum curso faz conhecer novas pessoas. Se abrir mais, notar se realmente cumprimenta todos que fazem parte do nosso cotidiano, principalmente aqueles que fazem trabalhos simples como o porteiro, o zelador etc. Que tal dar mais ouvidos as crianças, podemos aprender muito com elas além de ensinar. Já procurou sentir pequenos e simples prazeres como ver um bebê tomando banho, o sorriso dele? Será que estamos distanciando desse nosso lado humano? Toda essa economia de tempo da vida moderna procura proporcionar é para aproveitar esse lado ou outras modernidades e os prazeres que eles querem que você sinta?
Fiz esse texto cheio de interrogações porque é isso que falta em nossa vida. Temos de questionar toda essa cultura de consumismos e prazeres premeditados que nos é jogada por meio de imperativos como: Sinta! Compre! Beba! Seja! Entre vários outros. Pode parecer inofensivo já que temos o poder de escolha, mas com o tempo ele penetra no cotidiano causando fortes influências até chegar a ser imposto que se não seguir pode ficar para trás, isolado. Como um professor de filosofia me relembrou: “Ser diferente é muito difícil”. Parece uma frase simples e até meio óbvia, mas é realmente muito difícil de renegar os dogmas da burguesia. Tente deixar de comer carne, beber refrigerante, não usar carro, não vestir uma roupa da moda e depois me diga se os imperativos são realmente inofensivos.
Fiz esse texto cheio de interrogações porque é isso que falta em nossa vida. Temos de questionar toda essa cultura de consumismos e prazeres premeditados que nos é jogada por meio de imperativos como: Sinta! Compre! Beba! Seja! Entre vários outros. Pode parecer inofensivo já que temos o poder de escolha, mas com o tempo ele penetra no cotidiano causando fortes influências até chegar a ser imposto que se não seguir pode ficar para trás, isolado. Como um professor de filosofia me relembrou: “Ser diferente é muito difícil”. Parece uma frase simples e até meio óbvia, mas é realmente muito difícil de renegar os dogmas da burguesia. Tente deixar de comer carne, beber refrigerante, não usar carro, não vestir uma roupa da moda e depois me diga se os imperativos são realmente inofensivos.
P.S.: A segunda imagem é do filme "O fabuloso destino de Amelie Poulain", não trata da questão do consumismo mas dos pequenos prazeres, um filme altamente recomendável, uma verdadeira poesia e respostas aos blockbusters atuais!
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quarta-feira, 17 de outubro de 2007
O Dom Quixote Atual
“Parece que o homem não se contenta em ser homem e deseja ser super-homem.”. Esse é o trecho que retirei de um texto de Ailton Siqueira, intitulado “O Despertar do Homem Maquinal”, que foi inspirador para fazer essa colagem. Pensei em uma comparação do que seria do personagem Dom Quixote no mundo contemporâneo. Se naquela época ele se encantava com os livros de cavalaria, hoje estaria alucinado com os super-heróis presentes nas histórias em quadrinhos, desenhos animados, filmes etc.
Já faz um tempo que venho notando esse exagero de super-heróis em nossas vidas. É Smallville pra lá, Homem-Aranha 1, 2, 3, 4 pra cá, Transformers, Superman, o novo seriado Heroes entre muitos outros. Nos desenhos as quantidades são fora de série, têm alguns em que todos na família são agentes secretos. E ler o texto citado acima só fez esclarecer mais ainda as idéias que tinha em mente.
O texto discute toda a nova roupagem assumida pela a sociedade em favor do mercado. Ele fala de toda a subjetividade do ser humano, que seriam os seus desejos, sonhos, expectativas, sentimentos. Essa subjetividade agora está se moldando para o mercado e o que ele anda exigindo de nós, quem seriam a eficiência, rapidez, estar sempre informado, atualizado, não ser deixado pra trás, estimula competitividade, de ser o melhor e ter o melhor para tudo. Ele argumenta de hoje tentarmos nos igualar às máquinas, por buscar todas essas características, aí onde entra toda essa ideologia dos super-heróis, de perfeição.
Toda essa busca pela eficiência acaba reprimindo a pessoa insegura, ansiosa, que existe por dentro. Ficamos sem admitir erros e cada vez mais individualizados, porque como dizem: “Melhor só que mal acompanhado”.
Também não nos contentamos em ser perfeitos profissionalmente, temos de ser perfeitos aparentemente, fazemos plásticas, dietas, malhação, renegamos o envelhecer. Esperamos que no amor apareça alguém perfeito, uma alma gêmea, como nas “comédias românticas”, mas acabamos nos decepcionando facilmente, nos frustramos em não achar a pessoa perfeita. Como no texto o autor afirma, nós não conseguimos amar o outro por não conseguirmos mais nos amar. Deixamos de nos respeitarmos, admitir nossos erros e os erros dos outros, aceitarmos as diferenças. Não é à toa de que os estudos de várias universidades em conjunto elegeram os Estados Unidos o campeão mundial da solidão, e encontrar a raiz disso da cultura que enfatiza a competitividade, conquistas individuais, etc. Finalizo então esse texto com um belo trecho da música dos Los Hermanos, O Vencedor, que diz: "Eu que já não quero mais ser um vencedor, levo a vida devagar para não faltar amor.".
Já faz um tempo que venho notando esse exagero de super-heróis em nossas vidas. É Smallville pra lá, Homem-Aranha 1, 2, 3, 4 pra cá, Transformers, Superman, o novo seriado Heroes entre muitos outros. Nos desenhos as quantidades são fora de série, têm alguns em que todos na família são agentes secretos. E ler o texto citado acima só fez esclarecer mais ainda as idéias que tinha em mente.
O texto discute toda a nova roupagem assumida pela a sociedade em favor do mercado. Ele fala de toda a subjetividade do ser humano, que seriam os seus desejos, sonhos, expectativas, sentimentos. Essa subjetividade agora está se moldando para o mercado e o que ele anda exigindo de nós, quem seriam a eficiência, rapidez, estar sempre informado, atualizado, não ser deixado pra trás, estimula competitividade, de ser o melhor e ter o melhor para tudo. Ele argumenta de hoje tentarmos nos igualar às máquinas, por buscar todas essas características, aí onde entra toda essa ideologia dos super-heróis, de perfeição.
Toda essa busca pela eficiência acaba reprimindo a pessoa insegura, ansiosa, que existe por dentro. Ficamos sem admitir erros e cada vez mais individualizados, porque como dizem: “Melhor só que mal acompanhado”.
Também não nos contentamos em ser perfeitos profissionalmente, temos de ser perfeitos aparentemente, fazemos plásticas, dietas, malhação, renegamos o envelhecer. Esperamos que no amor apareça alguém perfeito, uma alma gêmea, como nas “comédias românticas”, mas acabamos nos decepcionando facilmente, nos frustramos em não achar a pessoa perfeita. Como no texto o autor afirma, nós não conseguimos amar o outro por não conseguirmos mais nos amar. Deixamos de nos respeitarmos, admitir nossos erros e os erros dos outros, aceitarmos as diferenças. Não é à toa de que os estudos de várias universidades em conjunto elegeram os Estados Unidos o campeão mundial da solidão, e encontrar a raiz disso da cultura que enfatiza a competitividade, conquistas individuais, etc. Finalizo então esse texto com um belo trecho da música dos Los Hermanos, O Vencedor, que diz: "Eu que já não quero mais ser um vencedor, levo a vida devagar para não faltar amor.".
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sexta-feira, 12 de outubro de 2007
O Jogo da Vida... e que vida!
"Você está na falência, viva como um filósofo/ revoltado". Mensagem sublimar ou explícita mesmo!
Eu estava pretendendo escrever sobre outros assuntos que já estavam quase prontos, mas hoje no final do dia eu tive uma experiência interessante... Na tentativa de fazer minha irmã mais nova (tem 10 anos) desgrudar da TV, especialmente do Disney Channel por ao menos um segundo, propus a ela fazer coisas diferentes... Pois é amigos, na noite em que eu poderia estar me arrumando pra festa no porcino eu deixei de ir por indisposisão e acabei brincando de casinha com ela, claro que usando bem mais a imaginação do que o usual, tanto que meu irmão caçula (9 anos) entrou na brincadeira também e foi muito divertido! Depois disso a gente resolveu jogar alguma coisa, aí decidimos o Jogo da Vida, que por sinal eu adorava jogar quando criança, aí logo vi que o conceito de "vida" do jogo já era bem digamos "econômico", suportei então o caráter do jogo e me diverti com eles, mas chegar no final do jogo que fui a primeira eu tive um espanto ao ver a falência: “Você foi a falência! Aposente-se e vá viver no campo como filósofo”, o que me passou como uma coisa muito horrenda porque é esse o futuro que eu quero pra mim. Sim, eu quero morar no campo e sempre ter o ato de filosofar, mas além de ser uma afronta a ciência ainda diz que o vencedor é aquele milionário que se aposenta “com grande estilo”, parece até propaganda de roupa. Isso sim é que é ideologia bem explícita! Depois disso eu e meus irmãos abandonamos o jogo, não havia mais sentido...
Eu estava pretendendo escrever sobre outros assuntos que já estavam quase prontos, mas hoje no final do dia eu tive uma experiência interessante... Na tentativa de fazer minha irmã mais nova (tem 10 anos) desgrudar da TV, especialmente do Disney Channel por ao menos um segundo, propus a ela fazer coisas diferentes... Pois é amigos, na noite em que eu poderia estar me arrumando pra festa no porcino eu deixei de ir por indisposisão e acabei brincando de casinha com ela, claro que usando bem mais a imaginação do que o usual, tanto que meu irmão caçula (9 anos) entrou na brincadeira também e foi muito divertido! Depois disso a gente resolveu jogar alguma coisa, aí decidimos o Jogo da Vida, que por sinal eu adorava jogar quando criança, aí logo vi que o conceito de "vida" do jogo já era bem digamos "econômico", suportei então o caráter do jogo e me diverti com eles, mas chegar no final do jogo que fui a primeira eu tive um espanto ao ver a falência: “Você foi a falência! Aposente-se e vá viver no campo como filósofo”, o que me passou como uma coisa muito horrenda porque é esse o futuro que eu quero pra mim. Sim, eu quero morar no campo e sempre ter o ato de filosofar, mas além de ser uma afronta a ciência ainda diz que o vencedor é aquele milionário que se aposenta “com grande estilo”, parece até propaganda de roupa. Isso sim é que é ideologia bem explícita! Depois disso eu e meus irmãos abandonamos o jogo, não havia mais sentido...
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